Usada da vez: Yamaha Fazer 250
Um dos melhores produtos da Yamaha do Brasil completa 14 anos, conheça a Fazer 250
Lembro claramente do lançamento da Yamaha Fazer 250 em 2005. Foi durante o salão da Moto e um dos responsáveis pelo desenvolvimento era Masaharu Tanigawa, ou simplesmente Tani, japonês excelente preparador e meu amigo pessoal. Quando me viu, me puxou pelo braço e foi mostrar a moto, com uma pergunta:
- Você reconhece esse motor?
Olhei e descobri na hora: “parece da Serow 250” (moto de trial da Yamaha que não veio pro Brasil).
- Isso mesmo!!! Eu que sugeri esse motor!
E desandou a falar do motor, com o carregado sotaque japonês que só os iniciados conseguiam traduzir. Infelizmente o Tani não está mais entre nós para ver o imenso sucesso que este motor de tecnologia muito avançada para a época faz até hoje no Brasil.
Por isso mesmo vou começar a descrever a Yamaha Fazer 250 pelo o que ela tem de melhor: o motor!
Trata-se de um super resistente motor monocilindro, com cilindro revestido de cerâmica, pistão forjado também revestido e cabeçote de duas válvulas. Contrariando a tendência geral que é de cabeçote com três ou quatro válvulas, a Yamaha optou pelo motor com duas válvulas e isso fez toda a diferença. Na moto de trial é importante ter retomada de aceleração, muito mais que velocidade. Os cabeçotes multiválvulas perdem muita em resposta do acelerador, mas por outro lado rendem mais em alta rotação. Questão de compromisso.
Adaptado para uso no Brasil este motor desenvolvia 21,5 CV a 8.000 RPM e torque de 2,1 Kgf.m a 6.500 RPM, para uma cubicagem de 249,5 cm3. Isso dava uma alta potência específica e grande margem de utilização do motor de 1.500 RPM. Além disso, a Yamaha inaugurou os conceitos do acelerador eletrônico e injeção eletrônica em motos pequenas.
O resultado de tudo isso foi um motor feito sob medida pra uso urbano, extremamente econômico e agradável de pilotar. O motor foi uma unanimidade entre os jornalistas especializados. Pena que a Yamaha só errou a mão nos detalhes estéticos da moto.
Visualmente ela já nasceu bonita e arrojada, com enorme potencial para enfrentar a concorrente da Honda, a Twister 250. O que considero como deslize de temporalidade foram as rodas de raios curvos, algo que fez muito sucesso nos anos 1970, mas totalmente fora de moda. E um painel que tinha tudo para ser funcional, mas esbarrou na falta de um estudo estético mais cuidadoso.
Outro item que causou muita reclamação dos usuários foi o câmbio de cinco marchas. Para uso urbano nem fazia muita diferença, mas uma moto 250cc é convite pra pegar estrada e acima de 90 km/h faz falta uma sexta marcha.
Mesmo assim a Fazer YS 250 se tornou um dos modelos mais vendidos da Yamaha por muitos anos. Seus principais atributos eram o baixo consumo – cheguei a fazer mais de 35 km/litro para um tanque de quase 19 litros – e um motor extremamente robusto, praticamente isento de problemas por muitos quilômetros de vida.
Segunda geração, a melhor
Foi em 2011 que a Fazer recebeu a primeira grande série de mudanças. Todas de ordem estética, porque o conjunto mecânico já nasceu ótimo. Praticamente tudo que se criticava foi alterado. As rodas ganharam raios retos, muito mais atuais; recebeu freio a disco na roda traseira; painel moderno e bem bonito; farol incorporado ao painel, aletas novas no tanque, barra de garupa e outros pequenos detalhes que a colocaram ainda mais em vantagem com a rival Twister.
Daí em diante veio a versão flexível, que aceitava etanol e gasolina até que em 2016 virou um modelo único, batizado de Blueflex, e teve mais alguns detalhes estéticos alterados como novo painel. Segundo a fábrica os dados de potência e torque não se alteraram, o que eu duvido porque o uso do etanol sempre garante alguma potência extra. O consumo também alterou pouco com uso do etanol.
Considero essa como a melhor Fazer de todas, porque ainda privilegia o conforto, manteve a aparência moderna e a facilidade de pilotagem no uso urbano. A partir daí acho que a Yamaha errou ao trazer para o Brasil o conceito da FZ 25, produzida na Índia, mercado que dá muita importância à esportividade.
O resultado foi um modelo que ficou mais próximo da Yamaha MT03, a naked esportiva de 300cc. Esta terceira geração da Fazer 250 mudou tanto que quase nem dá pra ver uma Fazer. O banco é em dois níveis, tirando muito da versatilidade e do conforto para levar garupa. O ângulo de cáster foi reduzido para ganhar maneabilidade, mas deixou a pilotagem ainda mais agressiva. Faróis e lanternas de LEDs.
Em termos de esportividade teve tudo a ver, mas o uso urbano ficou comprometido. O motor continua o mesmo super econômico e resistente 250 desde a primeira versão.
Valores
É possível achar uma boa Fazer 250 da primeira série a partir de R$ 5.000. Da segunda geração a partir de R$ 8.000 e da atual geração a partir de R$ 15.500. Uma zero km está sendo vendida a R$ 17.500. É uma moto de grande liquidez.
Os itens que devem ser observados – além de pesquisar os eventuais recalls – são: Suspensão traseira – o amortecedor traseiro costuma ficar muito “mole” a partir de 30.000 km. Basta trocar o amortecedor. Ruído no motor (primeira geração).
Além disso, o trivial: sistema de transmissão, pneus, sistema elétrico e folga na caixa de direção. Por contar com injeção eletrônica não há nem torneira nem possíveis vazamentos.