Usada da vez: BMW F 800 R
Uma interessante opção de moto para uso urbano e turístico
Depois de surfar muitos anos sozinha na categoria das big aventureiras com mais de 1.000 cm³, a BMW decidiu que era hora de atacar o mercado de média cilindrada. Primeiro com os modelos 650 cm³ de um cilindro que abriu o mercado para pessoas que queriam uma BMW mais “guiável”, inclusive por mulheres. O resultado desse investimento foi um salto gigantesco nas vendas e, mais do que isso, a abertura da marca para um público novo, formado por motociclistas na faixa de 30 anos.
A partir do sucesso na geração 650, a BMW aumentou a aposta e criou a linha 800 em 2006, inicialmente com a F 800 S, que eu tive a oportunidade de testar quando chegou ao Brasil. Nesta primeira versão ela tinha motor bicilíndrico Rotax, balança traseira monobraço e transmissão por correia dentada. Além disso, os comandos dos punhos eram “estranhos” como das grandes BMW da época.
Esta experiência foi tão bem sucedida que, em 2012, a BMW assumiu a fabricação do motor e lançou a F 800R e as irmãs F 800GS e F 650GS (que chamava 650, mas tinha motor 800 – coisa de alemão...).
Esta segunda geração da F 800 recebeu o codinome “R” no lugar do “S” e importantes mudanças, além do já mencionado motor BMW: balança traseira convencional, transmissão por corrente de metal, eliminação da carenagem, comandos universais e muito mais. Mas manteve o quadro perimetral de alumínio, os freios e a principal característica que é a versatilidade.
A terceira geração da F 800 foi lançada em 2015 com mudanças no freio (de fixação radial), no farol, rodas, carenagens laterais, no motor que ganhou 3 cv a mais e outros detalhes.
Finalmente, em 2018, a BMW anunciou o fim da produção da F 800 R para manter apenas as versões de uso misto F 850 GS e F 750 GS (que, ironicamente, tem motor 850 cm³).
Como é
Compacta. Essa é a melhor forma de definir a F 800 R. Com dimensões até reduzidas para uma moto de 800 cm³, ela é fácil de pilotar na cidade e confortável na estrada, tanto para o piloto quanto garupa. A posição das pedaleiras do piloto são bem recuadas e o guidão é fixado na mesa, praticamente reto. Essa configuração dá uma postura mais esportiva. Nem tanto quando a primeira versão “S”, mas agradável tanto na cidade quanto na estrada. O painel de instrumento tem uma pequena carenagem de plástico que tem efeito apenas estético.
O banco tem dois níveis e no ato da compra dos modelos zero km o usuário podia optar por um banco mais alto ou mais baixo. Já a garupa tem vida tranquila, mesmo com as pernas bem dobradas por causa das pedaleiras elevadas. O escapamento sai em dois tubos e se torna um só, com um grande silenciador que não incomoda quem vai na garupa. É uma moto que atende facilmente pessoas com menos de 1,70 m porque além de baixa é bem leve para a categoria: apenas 175 kg.
Este motor de dois cilindros paralelos é produzido pela própria BMW. Tem funcionamento suave e silencioso. Além disso é muito econômico. Tem potência de 87 cv (a 8.000 RPM) o que é excelente para um motor de exatos 798 cm³. Pode levar a velocidade acima de 200 km/h e se revela muito econômico, fazendo médias que vão de 18 a 25 km/litro facilmente. Com tanque de 16 litros a autonomia é de mais de 300 km facilmente. O detalhe curioso desse tanque é que fica sob o banco, melhorando muito o centro de gravidade. No local onde normalmente seria o tanque está o filtro de ar, grande e de elemento seco.
O que permite boa parte desse ótimo consumo é o câmbio de seis marchas, garante uma baixa faixa de rotação em velocidade de cruzeiro nas estradas.
Um dos pontos altos desse motor é a maciez de rodagem. Normalmente motores de dois cilindros são rumorosos e com alto nível de vibração. Mas a BMW adotou um sistema de contra-peso com uma bieleta que anula boa parte das vibrações primárias.
Outra característica da BMW é o aquecimento de manopla, que pode parecer besteira na maior parte do ano, mas quando se viaja no inverno é uma delícia! O painel tem instrumentos ovais e um display com marcador de temperatura, indicador de marcha, nível de gasolina, hodômetros e medidor de consumo.
Com rodas de 17 polegadas e pneu 180 na traseira torna-se muito agradável nas curvas e até se pode arriscar um track day. Já vem com freios ABS de duas vias e disco nas duas rodas.
A partir de 2015 ela ganhou a suspensão dianteira invertida e ganhou finalmente um farol “normal”, perdendo o farol assimétrico, maldosamente apelidado de Cerveró.
O que observar na hora da compra
É uma moto indicada para quem está saindo da categoria 250/300 cm³. Não tem manutenção exagerada porque as peças de maior desgaste são comuns a muitos modelos, como pneus, relação de transmissão, pastilhas de freio ou rolamentos. Peças específicas como filtro de ar, manetes, espelhos etc são obviamente mais caras do que se comparadas com as motos japonesas vendidas no Brasil. Mas não chega a nenhum absurdo.
A linha 800 cm³ da BMW foi alvo de vários recalls. Por isso é importante pedir o Manual do Proprietário com a confirmação da execução dos recalls. Normalmente esta versão urbana não é muito rodada. O chicote elétrico é um sistema exclusivo da BMW chamado de Canbus, que na prática não permite emendas nem instalação de acessórios. Por isso, se quiser fazer qualquer mudança é preciso levar na concessionária. É muito confiável, mas não permite nenhum tipo de gambiarra.
Antes de fechar negócio
Verifique se há algum tipo de vazamento pelos parafusos do motor.
Veja se há amassados nas rodas.
Se todas as funcionalidades do painel estão funcionando.
Se o sistema de arrefecimento líquido (radiador, mangueiras, vaso de expansão) tem vazamentos ou manchas.
Ela foi inicialmente importada, mas a partir de 2012 começou a ser montada na Zona Franca de Manaus. A palheta de cores é bem variada com cores menos tímidas como amarelo, azul, vermelho, cinza, preta e branca.
Uma pesquisa nas sites de classificados revelou uma enorme quantidade destes modelos à venda. Alguns com baixíssima quilometragem. Os preços variam de R$ 18.000 (versão de 2012 a 2015) a R$ 30.000 (modelo a partir de 2015). O seguro em São Paulo e Rio de Janeiro é caro em função do alto índice de roubo. Infelizmente, como qualquer moto com o logotipo BMW estampado no tanque é uma moto muito visada para roubos e furtos. Mas só nas grandes cidades.
Ficha técnica
Motor
Tipo – quatro tempos, dois cilindros, 8 válvulas, arrefecimento líquido.
Cilindrada – 798 cc
Diâmetro/curso – 82x75,6 mm
Potência – 87 CV a 8.000 RPM
Torque – 8,5 Kgf.m a 6.000 RPM
Taxa de Compressão – 12,0:1
Alimentação – injeção eletrônica
Câmbio – seis marchas;
Transmissão – coroa, corrente (com O-rings) e pinhão
Quadro – dupla trave superior de alumínio , balança traseira de alumínio
Suspensão dianteira – garfo telescópico
Suspensão traseira – monoamortecedor regulável
Distância entre eixos – 1.520 mm
Freio dianteiro – duplo disco ABS
Freio traseiro – disco ABS
Pneu dianteiro - 120/70 ZR 17
Pneu traseiro - 180/55 ZR 17
Comprimento total mm – 2.145
Largura total mm - 905 (com espelhos)
Altura do assento – 790 mm
Peso seco – 177 kg
Tanque – 16 litros
Consumo de combustível – 25 km/litro (média geral)
Velocidade máxima (declarada) – 200 km/h