Rei das Agrales: a paixão de criança que se transformou em negócio próprio
Restaurador com mais de 20 anos de experiência tem na coleção cerca de 50 motos
Família e amor. Não há como começar uma reportagem sem dar destaque a estes dois “ingredientes” para se obter sucesso e reconhecimento. Pois bem, foi assim que a história do gaúcho Márcio Farias com as motonetas da Agrale foi tomando forma.
Hoje, com 45 anos de idade e mais de 20 anos de profissão, o empresário também mantém a conta no Instagram @dasantigasrs, a qual já conta com mais de 70 mil seguidores. Além de se dedicar à restauração desse tipo de veículo, que desde então estão cada vez mais raros e difíceis de se conseguir peças e mão de obra especializada, ele também vende alguns dos modelos restaurados.
Natural de Sapucaia do Sul, RS, Márcio conta que a paixão pelas Agrales começou ainda na infância, quando seu pai já cultivava o hobby por ciclomotores, além de ter uma oficina mecânica especializada em carros.
“Sempre tive exemplares da Garelli Kátia e, principalmente, modelos da Garelli 3. Nem alcançava os pés no chão para apoiar, e já saia trocando marchas”, relembra.
O empresário conta que, ao precisar de mão de obra qualificada para restaurar suas motos, viu que faltava empenho por parte das oficinas. Foi tudo o que precisou para ele iniciar um negócio que hoje é reconhecido nacionalmente entre os entusiastas por modelos raros e especiais da Agrale.
“Eu comecei a restaurar as minhas próprias motos e, aí, chegou um tempo em que veio um amigo pedindo que eu restaurasse a Agrale dele. Depois apareceu mais outro até que eu decidi focar só na restauração delas e fechei a minha loja de pneus”, conta.
Atualmente, o restaurador tem em sua coleção um total de 50 motos, sendo 20 delas prontas e oito já disponíveis para venda. Desse total, Farias tem modelos da Alpina CA50, Sport, Agrale SL, SS e XT, e explica que todas as suas unidades são compradas no estado, restauradas e, depois de prontas, colocadas à venda.
Porém, uma em especial, Márcio não vende por nenhuma quantia. Trata-se de uma Agrale XT 50 1989/1990 verde raríssima de único dono, adquirida há cerca de um ano, e que ainda mantém até os pneus originais de fábrica.
“É um exemplar pouco rodado, com pouco mais de 200 km originais, que pertenceu a uma menina e que, na época, a usou pouco, ficando todo esse tempo guardada. Esta moto é toda original, nada foi trocado nela, tudo original”, orgulha-se.
Com todo este carinho e cuidado, Márcio fez questão de colocar a placa preta de colecionador na sua Agrale XT 50 com 100% de originalidade, sendo a primeira a receber a documentação e o certificado específicos.
Concorrente da Caloi Mobylette XR50 e da Monark Monareta S50, a Agrale XT 50 era equipada com motor monocilíndrico horizontal a ar natural (quando em movimento) de dois tempos e 49 cc, que garante apenas 2 cv de potência (a 6.000 rpm) e 0,27 kgfm de torque (a 3.500 rpm). Conta com sistema centrífugo automático de embreagem, em banho de óleo. Já a partida, como de praxe, é mecânica, feita por pedal.
“Após o fim da produção dos ciclomotores da Agrale, em 1997, eles não replicaram mais as peças e, por isso, nos dias de hoje, é raríssimo ver uma dessas em bom estado rodando. Hoje virou um item raro de coleção, ainda mais com a placa preta como a minha”, explica.
Fora a Agrale XT 50 verde, Márcio Farias tem outros modelos de Agrale à venda.
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