Qual a origem de tantos acidentes com motociclistas?
Uso da moto como deslocamento ao trabalho tem papel importante para mobilidade urbana, mas muitos habilitados não se sentem preparados para andar nas ruas
Pode conferir. No estacionamento das grandes empresas tem um mar de moto! Sim, porque hoje é inegável o papel da motocicleta na mobilidade urbana. Menor preço de aquisição, baixo consumo, facilidade de deslocamento e de estacionamento são algumas das características que levam à escolha da moto. Por isso algumas empresas chegam a apontar que até 60% do seu quadro de funcionários se deslocam em motos.
Agora imagine uma indústria com a linha de montagem e o diretor industrial é informado que um dos colaboradores não chegou! A linha pronta para entrar em operação e falta um integrante importante. Até conseguirem um substituto esta operação permanecerá parada, causando atraso e prejuízo.
E por que o colaborador não chegou? Porque sofreu um acidente de moto no caminho para a empresa.
Não tem ficção nesta história. Esta é a realidade dos profissionais que trabalham com segurança e saúde no trabalho em todo Brasil. Dependendo da região, calcula-se que de 25% a até 80% do efetivo de mão de obra se deslocam em motos e bicicletas. Uma preocupação para técnicos e engenheiros de segurança.
Todo cuidado com a segurança no ambiente de trabalho pode ser jogado fora quando o colaborador passa do portão pra fora. Um dado coletado por uma das empresas pesquisadas mostrou que o número de usuários de motos e bicicletas era de 25% do total de funcionários motorizados, mas eles respondiam por 78% dos afastamentos de trabalho por acidente de percurso.
Ainda analisando as estatísticas, um estudo denominado Boletim Epidemiológico, do Ministério da Saúde, de 2021, apresentou os seguintes resultados. O perfil das vítimas de motociclistas em lesões no trânsito é predominantemente do sexo masculino (88,1%), adultos jovens com idade entre 20 e 29 anos (30,8%), de escolaridade com 8 a 11 anos de estudo (39,6%) e solteiro (57,3%).
O início
Se ampliarmos os dados de internações por acidente de moto em todo o Brasil os números são alarmantes: em 2020, das mais de 190.000 internações no Sistema Único de Saúde, por lesões de trânsito, 61,6% eram motociclistas. O custo destas internações passou de R$ 280 milhões para o SUS.
Mas qual a origem de tanto acidente com motociclistas?
O primeiro dado deve ser apontado para o Denatran – Departamento Nacional de Trânsito – órgão federal, responsável pela regulamentação, supervisão e educação do trânsito. Desde os anos 1960 o sistema de habilitação de motociclistas é o mesmo: resume-se a um adestramento para executar algumas manobras em baixa velocidade, primeira marcha, sem uso do freio, em local isolado do trânsito. Depois de aprovado nesse adestramento o candidato recebe uma carteira de habilitação categoria A que permite conduzir qualquer tipo de motocicleta em qualquer via pública. Nem precisa ser especialista para perceber que isso não funciona.
Diariamente a ABTRANS – Academia Brasileira de Trânsito –, empresa especializada em segurança de motociclistas e ciclistas, recebe mensagens de pessoas que foram aprovadas em exame de habilitação, mas não se sentem à vontade para pilotar nas ruas e estradas. O que é absolutamente normal. Estranho seria se fosse o contrário: sair dessa “escola” preparados para enfrentar uma estrada ou a via Marginal Tietê, em São Paulo, SP.
Quando o recém habilitado tem esse nível de consciência ainda pode procurar cursos como a ABTRANS, criada em 2016, voltada para a educação e treinamento de motociclistas e ciclistas. Mas nem todo mundo tem essa visão. Tentam aprender na prática e o resultado pode ser – literalmente – desastroso.
É quando o mundo corporativo entra em cena. Não tem como evitar que um colaborador se desloque em motos ou bicicletas. Não se trata apenas de uma paixão, ou gosto pelos veículos de duas rodas, mas uma necessidade. Mesmo que a empresa ofereça transporte privado, como os ônibus fretados, para muitas pessoas a moto representa a chance de levar o filho para escola, a esposa para o trabalho, dormir uma hora a mais, ou até mesmo usar este tempo para estudar. Além de ser mais barato do que o custo do fretado.
Outra solução seria simplesmente deixar de contratar funcionários que tenham habilitação categoria A (motociclista). Mas isto fere os estatutos do Ministério do Trabalho e pode acarretar em multa para a empresa contratante.
A verdadeira e efetiva solução para redução dos acidentes de percurso com motociclistas e ciclistas é a qualificação! Por meio de palestras, exibições técnicas e mesmo cursos práticos a empresa terá a oportunidade de oferecer aos seus colaboradores aquilo que o departamento de trânsito não foi capaz de fazer: ensinar de forma adequada. Não existe outra forma. E mais: tem de ser presencial.
Algumas empresas usam o método online para vários tipos de cursos, mas quando envolve segurança de trabalho e execução de manobras não tem como fazer online porque os instrutores precisam acompanhar os exercícios in loco. Da mesma forma que não se aprende atividades como mergulho, salto de paraquedas ou escalada alpina por meio online, não tem como ensinar pilotagem de moto por meio de uma tela.
Não se pode comparar com o treinamento de motorista, porque no caso de um carro, picape ou van, o erro no aprendizado acarreta um arranhão na lataria ou no para-choque. Já na moto o erro leva a um leito hospitalar. Também tem a questão da familiaridade. A maioria das pessoas tem intimidade com carros desde pequenos, enquanto a moto foi um veículo introduzido muitas vezes apenas na vida adulta.
As ferramentas
Dentro do cardápio oferecido pela ABTRANS para o mercado corporativo destacam-se:
Organização de SIPAT – Na tentativa de criar impacto em seus colaboradores, algumas empresas exageram em campanhas que geram mais desconforto do que resultado. Um bom exemplo foi de uma empresa que montou em pontos estratégicos manequins ensanguentados em cima de motos destruídas. “Isto não traz resultado e ainda gera um tremendo mal estar com quem passou por este trauma”, explica Ronaldo Guimarães, sócio da ABTRANS e especialista em equipamentos de proteção. Ele complementa “se esta imagem desse resultado não existiria fumantes no Brasil, porque em cada maço de cigarro tem uma imagem impactante”.
Para isso a ABTRANS orienta, cria e desenvolve campanhas específicas para motociclistas e ciclistas, voltadas para as semanas de prevenção de acidentes de trânsito, com uma linguagem direta, sem traumas.
Palestras educativas – Nem sempre é possível realizar cursos práticos, então um recurso largamente utilizado é a palestra. Porém estudos cognitivos demonstram que a aderência em palestras é muito baixa, raramente passando de 25% de retenção das informações. Por isso a ABTRANS desenvolveu uma nova modalidade que inclui demonstrações.
Palestras demonstrativas – Neste caso, após a palestra, o instrutor convida o público para um espaço aberto e realiza alguns exercícios com a moto. Nesta modalidade a retenção mais do que dobra, porque a informação visual, presencial, reforça tudo que foi explanado na prática. São realizados exercícios de frenagem, desvio, postura, foco etc.
Curso prático – Esta sim a melhor receita para redução e até eliminação dos acidentes de percurso. Sem uma formação adequada, motociclistas e ciclistas desenvolvem vícios difíceis de eliminar. Para piorar muitos influencers postam dicas de pilotagem completamente equivocadas. O curso tem uma capacidade de retenção de 95 a 100% e corrige vários preconceitos ligados à moto e bicicleta. Para a realização do curso é preciso uma área asfaltada (ou cimento) de cerca de 2.000 m2, isolada de veículos. No curso são ministradas técnicas de frenagem de emergência, desvio (contra-esterço), curvas, pilotagem com garupa, postura, manutenção preventiva (com check-list das motos) e muito mais.
Consultoria
A ABTRANS pode ainda elaborar um plano de consultoria que vai além dos cursos. Neste plano criam-se estratégias para o incentivo do uso de equipamentos de segurança, a importância da manutenção preventiva e até comunicados via redes internas ou mídias sociais. O objetivo é manter o foco na prevenção de acidentes, inclusive nos fins de semana, quando entra em cena um componente altamente perigoso que é a ingestão de álcool e drogas.
Para sensibilizar, os especialistas da ABTRANS realizam uma vivência com óculos de simulação de embriaguez. Com estes óculos tem-se a visão de uma pessoa que ingeriu bebida alcoólica.
“Nossa meta é zerar os acidentes de percurso com motos e bicicletas, por meio de uma conscientização dos riscos, pelo amor à vida e à família, o respeito à empresa e implantar uma filosofia de segurança que se estenda por todas as atividades”, conclui Geraldo Tite Simões, responsável didático pelos cursos da ABTRANS.
Para entrar em contato: [email protected] ou pelo WhatsApp 11-99458-7351
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