A moto elétrica com nióbio e recarga de 10 minutos que deve chegar ao Brasil em 2024
Parceria entre a chinesa Horwin e a mineradora brasileira CBMM visa uso do metal em baterias de recarregamento ultrarrápido
Fabricantes de motos estão de olho no nióbio brasileiro para melhorar o rendimento de suas motos. O material é visto com importância para uso diverso, como em baterias. Em uma nova parceria, a Horwin Brasil se uniu à CBMM (Companhia Brasileira de Siderurgia e Mineração) para o desenvolvimento de uma nova moto que deve ser apresentada como protótipo ainda no primeiro semestre de 2022.
O modelo, que terá como base a naked elétrica CR6 da fabricante chinesa, utilizará nióbio em suas baterias. Segundo as empresas, o elemento aplicado em baterias de íon-lítio pode tornar o carregamento das mesmas ultrarrápido. "Devido à sua estrutura cristalina [do nióbio] mais aberta, o que facilita a intercalação do lítio, permite a recarga total em menos de 10 minutos, sem causar danos à bateria", afirma Rogério Ribas, gerente do programa de baterias da CBMM.
Um dos grandes desafios das fabricantes com os veículos elétricos é tornar o tempo de recarga viável para uso no dia-dia. Recentemente, a Yamaha apresentou o scooter E01, que pode completar 90% da carga em até 1 hora, o que é considerado rápido em comparação às mais de 3 horas da maior parte dos modelos. As gigantes japonesas tambpem buscam um outro modo de contornar o problema e criaram companhia Gachaco, que fornecerá trocas instantâneas de baterias em postos no Japão.
A previsão é que a CR6 com nióbio chegue ao mercado brasileiro em 2024. O modelo conta com 6.200 watts (em torno de 8,4 cavalos) e uma autonomia de rodagem de 150 km. Durante 3 anos, a CBMM vem desenvolvendo, junto à japonesa Toshiba, a tecnologia que será utilizada no modelo. Ribas diz que as baterias com o elemento proporcionam mais segurança e uma vida útil muito maior do que as atuais.
“As baterias mais antigas têm vida útil de 1.500 ciclos; as com fosfato de lítio ferro, chamadas LFP, duram 3.000 ciclos. Essa nova, com nióbio, dura muito mais e também reduz o problema com o descarte”, explica Ribas. A Horwin tem planos de produzir modelos no Brasil foi fundada em 2014 na China. "Além do diferencial da recarga, as baterias com nióbio trazem benefícios significativos do ponto de vista de segurança e vida útil, que permitem até 20 mil cargas", afirma Pricilla Favero, CEO da Horwin.
Esportiva americana também terá nióbio brasileiro
A parceria entre Horwin e CBMM não é a primeira da empresa de mineração, com sede em Araxá (MG), com uma fabricante de motocicletas. Um projeto com a americana Lightning Motorcycle planeja levar o material extraído no Brasil para a construção de uma esportiva elétrica que ultrapasse os 400 km/h.
O metal é considerado um “melhorador” de componentes, deixando aços mais leves e resistentes. Seu nome tem origem na deusa grega Níobe, filha de Tântalo, e é o elemento número 41 da tabela periódica. Sua utilização na indústria automotiva pode ir desde o sistema de freios até baterias com recarga ultrarrápidas. Um chassi automotivo, por exemplo, pode ter 30% mais resistência e 20% menos peso com o uso do nióbio.
O Brasil é o maior produtor de nióbio do mundo, mas o material não é considerado raro, mas sim ainda pouco explorado. Outros países como Canadá e Austrália também apontam no mercado do metal.