Mesmo com lojas fechando, Harley-Davidson nega saída do Brasil
Em meio ao extenso processo de reestruturação, marca deve focar apenas nos modelos de maior valor agregado na linha
No ano passado, a Harley-Davidson anunciou que deixaria de comercializar os modelos da linha Sportster no mercado brasileiro. Sem motos de entrada como as Iron 883 e 1200, comprar uma Harley no Brasil ficou bem mais caro. No entanto, tal movimentação pode ser apenas o início de uma mudança maior nos negócios da empresa.
Em meio a uma reestruturação global, a Harley-Davidson registrou prejuízos ao longo de 2020 e trocou de CEO. A nova aposta seria focar nos mercados onde já possui grande participação, como nos EUA e na Europa. Desde 2011, a operação da Harley no Brasil saiu das mãos do importador Grupo Izzo para a própria Harley, incluindo o início da produção de motos da marca em Manaus (AM) e isso pode impactar os negócios por aqui.
Isso acontece por conta do fechamento da concessionária ABA Harley-Davidson de São Paulo (SP), uma das maiores do país em volume de vendas. Informações obtidas pela revista Motociclismo junto a representantes da loja afirmam que, além de tirar a Sportster de linha, a Harley do Brasil pretende também descontinuar as motos com o motor 107, mais acessíveis nas linhas Fat Boy, Fat Bob e Sport Glide, focando então em modelos de maior valor agregado.
Em comunicado, a ABA teria dito ainda que, por conta das alterações, o volume médio de vendas da loja caiu de 48 para 18 unidades por mês. Além disso, a Harley teria “alterado severamente” as políticas comerciais junto aos concessionários. Citando o fim da linha Sportster e dos modelos com motor 107 como causadores das reduções nas margens da loja, a loja teria optado por encerrar suas operações com “uma saída amigável”.
Por sua vez, a Harley-Davidson do Brasil respondeu às alegações dizendo que todas as mudanças fazem parte do atual plano estratégico global da empresa para os próximos 5 anos, chamado de The Hardwire. A empresa diz que concentrará suas operações em cerca de 50 mercados nos EUA, Europa e Ásia-Pacífico, mas não encerrará sua participação em outros locais. Quanto à América Latina, a Harley diz que já saiu estrategicamente daqueles mercados que pretendia. Portanto, “boatos sobre (sair do) o Brasil não têm fundamentos”.