Honda ADV: vale mais a pena que o PCX?
Scooter aventureiro pega emprestado a estrutura do modelo mais barato, mas cria uma experiência mais agradável
Quando a Honda lançou o ADV no Brasil, em novembro, divulgou que seu preço seria de R$ 17.490. As primeiras unidades começaram a ser entregues em todo o Brasil em dezembro e agora o Motoo teve a oportunidade de andar nessa novidade. A questão é que, por conta do aumento do ICMS em São Paulo, a moto já está mais cara no estado: R$ 17.790.
Custando mais de R$ 3 mil extras na comparação com um PCX completo (Sport ou DLX, R$ 14.414), pode parecer que a conta do Honda ADV não fecha, pois utiliza o mesmo chassi e conjunto de motor e câmbio do mais barato. No entanto, é nos detalhes que a marca criou exclusivamente para o aventureiro que as coisas começam a fazer sentido.
O que o ADV tem de diferente em relação ao PCX?
Começando pelo que é igual: chassi, motor e câmbio. Mesmo assim, existem diferenças. Enquanto o ângulo da suspensão dianteira do PCX é de 27º, o do ADV é de 26,5%. O motor continua sendo monocilíndrico de 149 cm³ com arrefecimento a líquido, entregando 13,2 cv de potência e 1,38 kgfm de torque, como no modelo original.
Porém a novidade tem um duto de admissão mais comprido e um escapamento de saída elevada que cria uma maior contrapressão no sistema. O resultado é que o ADV responde mais rápido em médias rotações. O câmbio automático CVT, porém, é o mesmo. Ambas contam com o sistema Idling Stop, que desliga o motor após três segundos com a moto parada e o religa ao se usar o acelerador.
De resto, tudo muda. Todas as carenagens são exclusivas do aventureiro. O mais importante está no conjunto de suspensão. O garfo dianteiro tem 130 mm de curso, 30 mm a mais que o PCX. Na traseira, o duplo amortecedor parece ter as mesmas dimensões, mas como o ADV usa reservatório externo, ganhou 20 mm extras de curso, totalizando 120 mm. A novidade tem 127 kg, 1 kg a mais que o PCX. O assento está a 795 mm do chão e o aventureiro tem um guidão mais alto e largo, enquanto o tanque tem 8 litros.
Outra diferença importante está no conjunto de rodas e pneus. O PCX e o ADV compartilham de rodas de 14 polegadas na dianteira, mas o primeiro tem pneu de medida 100/80, enquanto o segundo é 110/80. Na traseira, a roda do aventureiro é menor, o que possibilita instalar um pneu maior, 130/70-R13 no ADV versus 120/70-R14 no PCX. A novidade conta com pneus de uso misto fornecidos pela Metzeler, do modelo Tourance.
Entre os principais itens de série do Honda ADV, vale destacar a iluminação completa por lâmpadas de LED, chave presencial, ABS dianteiro, freios a disco nas duas rodas, pisca-alerta, tomada 12V no porta-trecos dianteiro e bagageiro de 27 litros sob o assento. Tudo muito similar ao PCX. Os diferenciais ficam por conta do para-brisa regulável e o computador de bordo mais completo, com medidor de consumo instantâneo e médio, marcador de combustível, indicador de voltagem de bateria e aviso de troca de óleo, entre outros.
O diferencial do Honda ADV está no rodar
Enquanto a ficha técnica sugere que o PCX e o ADV são muito similares, é ao se dar a partida que a diferença realmente aparece. O trecho do teste com o scooter aventureiro percorreu cerca de 150 km entre São José dos Campos (SP) e São Franciso Xavier (SP). Incluiu um pouco de trecho urbano, pequenas estradas de serra e uma pequena incursão na terra.
Logo de cara, o Honda ADV tem uma presença visual maior. Durante os testes, houve quem a confundisse nas ruas com uma moto 250. Sentado, a postura deixa os braços em uma posição que dá uma impressão maior de controle. O assento é mais firme e os pés contam com bom espaço no assoalho. O único porém fica para o painel, que pode ficar difícil de enxergar sob sol forte.
Dando a partida, mal se percebe o motor em funcionamento. A ação do Idling Stop é pouco sentida também e ajuda a economizar combustível durante as paradas nos semáforos do trecho urbano. Indo para a suspensão, o grande trunfo do Honda ADV, não se pode esperar o conforto de uma bigtrail. Com rodas menores, o scooter ainda bate seco nos buracos mais fundos. Porém, na comparação com o PCX, é bem mais confortável e a combinação do ângulo de suspensão com o guidão maior dá agilidade extra ao novato.
Saindo da cidade percebe-se que o acerto do motor no ADV realmente faz diferença, com respostas rápidas ao acelerador. Indo para a estrada, as condições não permitiram ultrapassar 90 km/h, velocidade em que o scooter já está próximo do limite. Até vai um pouco mais, mas não tem fôlego sobrando. No entanto, em um sequência interminável de curvas a velocidades constantemente entre 60 km/h e 80 km/h, o Honda ADV tem uma dirigibilidade que passa mais confiança do que sua proposta sugere.
E na terra, vai? Essa é a grande dúvida. Será que o scooter faz valer o visual aventureiro? Novamente, não é uma bigtrail, mas com pneus mais largos e de uso misto, o Honda ADV encarou trechos de terra batida e cascalho sem dificuldades e a suspensão deu conta do recado. Não é uma moto para ir até a Patagônia (ARG), mas não teme sair do asfalto.
Apesar do ritmo forte na estrada e a incursão na terra, o consumo médio apontado pelo computador de bordo do ADV era de 55,7 km/l. Número muito bom considerando que o uso foi completamente fora da zona de conforto de um scooter. Então, se a pergunta é “vale o preço extra em relação ao PCX?”, a resposta é sim.
O scooter aventureiro da Honda tem um comportamento bem diferente e fundamentalmente melhor que o modelo em que se baseia. Ainda traz mais equipamentos e não perde nada em praticidade. Se o uso for estritamente o deslocamento urbano em curtos trajetos, talvez o PCX valha mais a pena. Mas se você quer algo a mais, o ADV compensa.