Harley-Davidson Pan America surpreende pela pouca vibração, mas beleza não é o forte; impressões
Levamos a nova big-trail da marca norte-americana para algumas voltas na pista de Interlagos; veja como ela se saiu
Esqueça tudo que você sabe sobre Harley-Davidson. Esvazie a mente porque agora vai conhecer a mais diferente de todas as motos da marca. Trata-se da Pan America 1250, versão aventureira feita para brigar com as big-trail, especialmente a BMW R 1250 GS, campeã de vendas na categoria. E a briga vai ser de cachorro grande, literalmente.
Um esclarecimento: muita gente acha que é uma nova Buell. Esquece! A Buell era uma moto fabricada pelo Erik Buell, com motor da Harley normal. A Pan America é uma moto 100% feita pela Harley, com um motor totalmente novo. Outro esclarecimento. Não, não é o motor da V-Rod, mas um totalmente novo, batizado de V2 Revolution Max, de dois cilindros em V, com ângulo de 60º, que gira baixo, mas não tanto quanto os motores tradicionais da marca; potência de 150 cv a 8.250 rpm e torque absurdo de 12,7 kgfm a 6.750 RPM.
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Motor sem vibrações
Assim que dei a partida percebi que esse motor não tem nada a ver com os tradicionais da Harley. Pra começar não vibra. Isso mesmo, só com a moto parada, em ponto morto, percebe-se uma vibração totalmente normal. Outra surpresa é que sobe de giro muito rápido. Esse trabalho de redução das vibrações foi obtido com o uso de dois contrapesos, um colocado no comando do cilindro 1 e outro no bloco. Uma engenharia complexa, mas que deu muito certo, porque também é silencioso.
Ao se posicionar para o rápido – literalmente – teste em Interlagos, levei outro susto. Ela não é tão alta (nem pesada) quanto uma BMW. Além disso, o banco é muito macio. Feito para rodar por horas a fio. Para os motociclistas “rebaixados” duas boas notícias: 1) o banco tem duas posições de altura. 2) um maravilhoso opcional que será oferecido nas motos vendidas no Brasil rebaixa a suspensão eletronicamente em 2,5 cm quando a moto para. Esse sistema pode ser desligado, ou regulado para operar só em algumas condições.
Surpresa: leve e fácil de pilotar
Chegou a hora de entrar na pista e as surpresas não terminaram. Primeiro porque, em movimento, é muito leve e fácil de pilotar. Mas o choque mesmo veio no momento de enfrentar as curvas. Eu estava seguindo um monitor que pilotava uma Honda CB 1000R, mas eu não sabia. Mantive o mesmo ritmo dele por duas voltas, inclinando nas curvas como se estivesse numa esportiva, e tanto os pneus Michelin, quanto as suspensões semi-ativas aceitaram muito bem. No modelo top de linha (que avaliamos) as rodas são raiadas, mas com pneus tubeless.
Fiz duas simulações para entender o caráter desse motorzão. Primeiro coloquei em sexta marcha e deixei a rotação cair até 2.500 rpm para acelerar e sentir o empurrão a partir de 3.000 rpm. Outra foi a verificação da rotação em condição de estrada. A 100 km/h ela revela 3.800 rpm, enquanto a 120 km/h indica 4.200 rpm. Aliás, o conta-giros é bem difícil de ler e impreciso. Não pudemos avaliar a velocidade máxima, mas a velocidade é limitada eletronicamente a 220 km/h. Na teoria ela chegaria a mais de 250 km/h.
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Conclusão
A impressão geral foi muito boa. Não tive a chance de pilotar na terra, mas me pareceu mais fácil de controlar do que as pesadas e desengonçadas BMW GS. E, claro, a cereja do bolo que a afasta ainda mais dos modelos tradicionais da Harley é a presença da corrente de metal na transmissão final. A corrente é necessária porque uma big-trail tem muito mais curso na roda do que uma moto custom. As correias não costumam resistir muito ao puxa-estica da balança traseira e também não gostam nadica de terra e poeira. Pelo menos os americanos não cometeram a insanidade de colocar uma transmissão por cardã!
Dizem que gosto não se discute, mas durante todo o tempo que permaneci no Festival Interlagos não achei uma só pessoa que achasse essa Harley Pan America bonita. De fato, os desenhistas tentaram resgatar o mesmo visual dos modelos touring, batizados de “cara de tubarão”. Na prática ficou muito ruim. Feio mesmo! Farol e lanternas retangulares como se fossem duas grandes vitrines.
O que sobrou de bom na parte mecânica, quadro e suspensão faltou ao departamento de desenho e estilo. Pelo menos sabe-se que sempre pode vir novos modelos, ou uma versão mais harmoniosa. Mas é totalmente verdadeiro afirmar que o valor de R$ 150.000 será muito bem investido.
FICHA TÉCNICA - HARLEY-DAVIDSON PAN AMERICA 1250 SPECIAL |
PREÇO | R$ 143.800 |
MOTOR | 2 cilindros, 1.252 cc |
ALIMENTAÇÃO | Injeção eletrônica |
COMBUSTÍVEL | Gasolina |
POTÊNCIA | 152 cavalos a 9.000 rpm |
TORQUE | 12,95 kgfm a 6.750 rpm |
CONSUMO | 18,8 km/l |
DIÂMETRO x CURSO | 105 mm x 72,3 mm |
CÂMBIO | 6 marchas |
COMPRIMENTO | 2.270 mm |
LARGURA | Não informado |
ALTURA | Não informado |
ENTRE-EIXOS | 1.585 mm |
DISTÂNCIA DO SOLO | 175 mm |
ALTURA DO ASSENTO | 830 mm / 875 mm |
PESO | 258 kg |
TANQUE | 21,2 litros |
FREIOS | ABS |
FREIO DIANTEIRO | Dois discos |
FREIO TRASEIRO | Disco simples |
PNEU DIANTEIRO | 120/70R19 60V |
PNEU TRASEIRO | 170/60R17 72V |
SUSPENSÃO DIANTEIRA | Garfo invertido de 47 mm com controle de amortecimento semiativo ajustável eletronicamente |
SUSPENSÃO TRASEIRA | Monoamortecedor montado na articulação com controle de pré-carga eletrônico automático e amortecimento de compressão e rebote semiativo |
CORES | Preto, cinza e azul com branco |