Espera por uma moto como a CG 160 pode levar 45 dias
Descompasso entre demanda e produção de motocicletas no Brasil chega a 100 mil unidades, diz Abraciclo
O mercado de motocicletas vive uma situação surreal. A demanda é uma das maiores dos últimos tempos, sobretudo para modelos de baixa cilindrada, a capacidade instalada é grande e as fabricantes têm ampliado a produção, mas nem assim a conta está fechando.
Segundo a Abraciclo, entidade que representa o setor, a espera por uma moto de baixa cilindrada como a street CG 160, da Honda, pode levar 45 dias, o que está gerando uma fila de espera em torno de 100 mil unidades atualmente.
O motivo principal não poderia ser outra, a pandemia do Covid-19 que afetou Manaus, onde estão as fábricas nacionais e que tornou a produção irregular. Recentemente, o setor ganhou outro fator complicador, crise da falta de componentes.
Ainda assim, a produção nacional até maio atingiu 463 mil unidades, 47,5% a mais do que no mesmo período de 2020. Só em maio foram 103 mil motocicletas contra 14,8 mil do mesmo mês do ano passado.
“No momento, as fábricas mostram uma curva de recuperação. No entanto, estamos apreensivos em relação ao ritmo do avanço da pandemia nos próximos meses”, afirmou Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo. “É preciso acelerar o programa de vacinação para trazer tranquilidade na gestão das nossas fábricas”, completou.
As concessionárias de motos, no entanto, ainda vivem com estoques baixos, situação que deve se normalizar nos próximos meses, disse Fermanian.
Como o MOTOO antecipou, o mês de maio foi o melhor dos últimos anos, com mais de 110 mil emplacamentos.
A demanda por motos acessíveis tem sido grande por entregadores de aplicativos, gerando a fila de espera. Segundo a associação, o mercado de alta cilindrada e de uso misto têm uma situação mais estável, a despeito da cotação do dólar elevada.
O Brasil é o 7º maior produtor de motocicletas do mundo e possuía no final de 2020 uma frota de mais de 29 milhões de motos.