Bajaj Dominar 400, 200 e 160: as primeiras impressões no Brasil
O MOTOO participou do evento de test ride das 3 motos Bajaj realizado no Motor Park Tuiuti, no interior de SP, para analisar o comportamento das motos oferecidas no Brasil
Em um dia cinzento e com a chuva marcando presença fomos convidados pela Bajaj para provar as 3 motocicletas que marcam a sua estreia no mercado brasileiro: Dominar 160, Dominar 200 e Dominar 400.
O ideal é sempre poder rodar no ambiente onde a moto foi pensada para ser usada – no caso da linha Dominar as ruas e estradas – mas o primeiro contato foi em circuito fechado no Motor Park Tuiuti, no interior de São Paulo. A vantagem é poder testar de diversas formas o comportamento da moto, dos freios, suspensões e acelerar sem preocupação com radares de velocidade e multas...
Revisões com preço fixo
Antes de poder provar as motos em ação, Waldyr Ferreira, executivo da Bajaj do Brasil, apresentou o plano de revisões das motos, com preço fixo. Até 30 mil km as motos Bajaj tem 7 revisões programadas. A primeira com 1000 quilômetros e as demais com 5000 quilômetros ou no intervalo de 4 meses, o que ocorrer primeiro. Por que 4 meses? Eu perguntei a eles e esse é o mesmo intervalo praticado na Índia.
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Tomando como base um perfil de motociclista que não vai rodar 5.000 quilômetros em 4 meses, totalizando as 7 revisões, o cliente da Dominar 160 vai desembolsar R$ 1.927,72 em até 25 meses, o cliente da Dominar 200 terá o custo de R$ 2.292,05 e o dono de uma Dominar 400 precisa separar R$ 2.823,81 para realizar as revisões em uma concessionária Bajaj. A revisão com maior valor é a de 30 mil quilômetros, onde na 160 custa R$ 565,56, na 200 R$ 640,30 e na 400 exatos R$ 765,97. Valores com a mão de obra já inclusa. De acordo com o executivo, todos valores abaixo das concorrentes diretas das motos Bajaj.
Começando pela Dominar 400
Pista liberada para provar as motos. Começamos pela principal e mais previamente confirmada motocicleta para o Brasil, a Dominar 400. Como informação, ela é a maior, mais potente e completa moto da Bajaj não só no Brasil, mas em todo o planeta. Como curiosidade não é uma moto que a marca criou agora. Ela foi revelada ao mundo em 2016, ganhou atualização em 2019 com motor mais potente e na última atualização o pacote de acessórios que temos na moto que está sendo vendida no Brasil.
A primeira impressão ao subir na moto é que ela veste bem. Um pouco maior que as tradicionais Yamaha Fazer 250 e Honda Twister 250 mas não a ponto de incomodar. Ela tem muitos acessórios e provavelmente futuros proprietários deverão tirar alguns de acordo com seu gosto pessoal. Na Índia, andamos na Dominar 400 anteriormente; confira o vídeo:
No momento desse primeiro contato, a Bajaj oferece no Brasil apenas a cor verde, mas confirmou em nos próximos lotes vai oferecer também a cor preta na Dominar 400 – cor mais discreta que seria minha preferência caso tivesse um “vale Dominar 400” na mão para pegar a minha.
Bajaj e KTM, irmãs mas nem tanto
Existe uma grande associação tanto da Dominar 400 quanto da Dominar 200 com as KTM Duke 390 e 200. Alguns dizem que é o mesmo motor, alguns dizem que o da Bajaj é derivado do da KTM, alguns dizem que o da KTM é quem foi inspirado – e aprimorado para atender a marca – no das Bajaj. A Bajaj é responsável pela fabricação na Índia das KTM – e Husqvarna – até a 790 Adventure. A Bajaj fabrica e distribui essas motos para o mundo. Então a Duke 390 que você encontra em uma concessionária KTM sai da fábrica da Bajaj na Índia. Os motores de Dominar 200 e 400 são montados na mesma linha de montagem dos motores KTM.
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Enquanto não temos uma explicação clara e oficial de quem nasceu primeiro, o motor Bajaj ou o KTM, quem deriva de quem e quais são suas semelhanças reais, vamos ao que importa e que só se nota acelerando. O motor da Bajaj Dominar 400 é menos explosivo que o da KTM Duke 390 e por vários motivos técnicos. Os mapas de injeção são diferentes, a taxa de compressão da Bajaj é menor que da KTM, o sistema de ignição é diferente – na Bajaj usa 3 velas de ignição – e no caso da Bajaj Dominar 400 um fator também tira parte do brilho que vemos na Duke 390. A Dominar 400 é uma moto mais pesada que a Duke. Pura física influenciando a experiência de pilotagem com elas.
Com isso temos uma moto que nas curtas distâncias do circuito do Motor Park Tuiuti não cresce tão rápido quanto uma empolgante Duke 390, mas o motor é vigoroso e mantém bem as velocidades.
Então como vemos pelo mundo – e vamos provar no Brasil em breve – é uma moto para rodar na cidade e nas estradas com boa estabilidade e conforto. O kit de acessórios de série tem para-brisa, protetores de mão, bagageiro com apoio do garupa (sissy bar), protetor de cárter e protetores laterais. Tem tomada USB junto ao painel e base para prender um suporte de GPS ou de telefone para usar como navegador. Uma curiosidade que as 3 Dominar ganharam uma trava de capacete que vai presa em um dos protetores tubulares laterais da moto. Eu tiraria isso fora no primeiro dia que fosse dono de uma Bajaj.
Ergonomia da 400
Voltando para as impressões da moto. Tenho 1,83 m de altura e a moto é uma naked. Tem gente falando que é uma crossover mas é pura confusão por conta de tantos acessórios. Se tirar eles a moto é uma naked, com eles, é uma naked. Crossover são motos mais altas e com guidão mais alto em relação a altura do banco, deixando o motociclista mais ereto e confortável na moto. Honda NC 750X e Kawasaki Versys 650 são exemplos de moto crossover. A Dominar 400 é confortável na posição de pilotagem, o assento bipartido não é o mais macio do planeta mas andei bastante tempo – até me expulsarem da pista na verdade – com ela e não me cansou, o que é ótimo.
Ela tem iluminação toda em LED – o que andando durante o dia não deu para avaliar ainda – tem ABS nas duas rodas e um comportamento dos freios compatível com o desempenho do motor. Não falta freio mas também não é excepcional. Nota 8.
Nas suspensões ela tem a dianteira invertida sem ajustes, e a traseira monoamortecida com Nitrox e ajuste de pré-carga. Andando acelerado na pista senti necessidade de deixar a suspensão mais firme para curtir mais a moto. No jogo de ferramenta – das 3 – tem a chave para realizar esse ajuste.
O painel dela é bem completo, chama atenção por ser bipartido com uma parte instalada sobre o tanque e é completo em informações, incluindo indicador de marcha, média de consumo e autonomia (esse bem importante para não ficar sem combustível no meio do passeio). Uma dúvida que surgiu do público foi sobre acumular água no painel sobre o tanque, mas no dia choveu em alguns momentos e choveu forte. Fui na moto para ver e nada de água acumulada ali. Uma moto revelada ao mundo em 2016 não teria um erro básico como esse.
Hora de trocar de moto e a sensação que fiquei era de fugir com a moto da pista para a estrada e rodar mais com ela, para entender mais a moto e para curtir mais a moto. O que é positivo. Quando não gostamos de uma moto já queremos logo encerrar o teste. A Dominar é fácil de pilotar, não sobra nada mas também não falta nada. No primeiro lote vendida por R$ 24.200 com frete entrega um custo-benefício atraente. Mas a sensação inicial foi de quero andar mais. Foi positiva.
Dominar 200 será a mais vendida?
Depois da 400, chegou a hora da mais cobiçada pelo público e pelos colegas de conteúdo no evento da Bajaj: fui para a Dominar 200. Visualmente ela é igual a Dominar 160 com 3 diferenças apenas: muda o adesivo nas carenagens do tanque de “160” para “200”, muda a cor de fundo do painel, que tem conta-giros analógico gigante no centro com informações em display digital na lateral direita dele. Na 200, a luz é azul, na 160, alaranjada. E a diferença principal: muda o motor. É um motor arrefecido a líquido com 24,5 cv de potência máxima com o mesmo sistema de ignição da Dominar 400 com 3 velas de ignição, sistema que tem a missão de garantir uma queima da mistura ar-combustível mais correta. Dando mais eficiência ao funcionamento do motor.
Diferente da Dominar 400 em relação à KTM Duke 390, a Dominar 200 já me lembrou mais a Duke 200. Como curiosidade o sistema de exaustão não tem um escapamento grande saindo pelo lado direito da moto, tem apenas uma pequena saída debaixo da balança traseira saindo para o lado direito, com ele todo “dentro da moto”. Menos peso e menos item saindo para os extremos da moto, que poderia ralar ou amassar em uma queda. Eu vi isso como vantagem.
Ela já me permitiu aproveitar melhor o circuito, pois o motor enche e cresce mais rápido que o da Dominar 400, e garante emoções ao piloto quando mantém os giros do motor o mais perto da faixa vermelha do conta-giros analógico no painel. A relação entre potência e poder dos freios está bem acertada e a distribuição de peso da moto também me agradou, um motociclista habilidoso vai se divertir bastante em uma estrada sinuosa com muitas curvas em uma Dominar 200.
Vale reforçar aqui que andamos na Índia nas “irmãs” das Dominar 200 e 160 em junho de 2022 e as diferenças principais são nos pneus – no primeiro lote temos o honesto Pirelli Sport Demon – e na suspensão dianteira para o Brasil colocaram suspensão dianteira invertida. Duas mudanças que deixaram as duas Dominar – chamadas de Pulsar NS 200 e Pulsar NS 160 no resto do planeta – bem melhores e mais adequadas para o motociclista brasileiro que costuma acelerar mais e por isso, precisa de “mais moto”.
Ergonomia da 200
A moto conta com semiguidão, mas a posição de pilotagem não te joga com o tronco do corpo para frente, o que é bom, mas fiquei com a sensação de que uma pessoa com menor estatura que eu com meus 1,83 m vai vestir melhor essa Dominar. O banco é bipartido como na Dominar 400 e na minha visão com o mesmo nível de conforto. Não é super macio, mas não é desconfortável também. Rodando mais tempo eu poderei falar melhor sobre o conforto do banco.
Falando sobre o comportamento do motor. Os engates do câmbio de 6 marchas da Dominar 200 são precisos, sem enrosco. E a grande diferença em comparação com as conhecidas Honda Twister 250 e Yamaha Fazer 250 é que a Dominar 200 tem menos força em baixas rotações que essas motos, mas tem mais potência e “brilha mais” quando sobe o giro do motor e a velocidade. Isso pode afastar quem gosta do torque mas agradar bastante quem quer rodar mais rápido e com conforto na estrada. Câmbio de 6 marchas, detalhe que vai ajudar quem rodar na estrada com essa moto.
Dominar 200 e Dominar 160 não tem farol nem setas em LED. Apenas a lanterna traseira usa a tecnologia mais atual de iluminação e, como rodamos durante o dia, não foi possível avaliar sua eficiência. Fica para um segundo momento obter essa resposta importante que influencia na confiança de quem pilota durante a noite.
Dominar 160, a mais acessível moto Bajaj
Finalizando o dia de testes, saio da Dominar 200 com a sensação de que será a mais vendida no Brasil, depois que a demanda reprimida da Dominar 400 passar, e vou para a mais acessível das motos da marca, a Dominar 160. Ela tem motor com 17 cv de potência arrefecido a ar com radiador de óleo e sistema de ignição com duas velas. Uma curiosidade é que ela tem como opção para a partida elétrica o “clássico” pedal de partida, para alegria dos motociclistas nostálgicos.
A grande diferença entre ela e a 200 é naturalmente o motor. O motor 160 está bem liso, trabalha bem, tem engates precisos do câmbio de 5 marchas, mas não empolga como o motor da Dominar 200. A sensação é que falta algo, já que visualmente as duas são a mesma moto, incluindo o chassi perimetral que as 3 motocicletas utilizam, diferente do tradicional chassi tubular que vemos nas motos Honda e Yamaha. O DNA dessa e da Dominar 200 é de uma moto mais ágil, esperta na mudança de direção, talvez não é a mais confortável do mercado, mas sem dúvidas está entre as mais divertidas de pilotar.
A diferença de preço entre Dominar 160 e Dominar 200 é de cerca de R$ 1.000. Salvo alguém que pretenda usar no motofrete por exemplo e “moer” a moto onde eu indicaria o motor arrefecido a ar da 160, que além de ter menor consumo de combustível exige menos cuidado na manutenção quando comparado ao motor arrefecido a líquido da Dominar 200 (ou qualquer outro motor com essa tecnologia). Mas para quem usa para ir e vir para seus compromissos e quer a moto para curtir, a Dominar 200 é melhor compra. Se andar na 160 e depois na 200 vai entender o que eu digo aqui.
Conclusão
A Bajaj agora é realidade no Brasil. Temos 5 concessionárias abertas no Estado de São Paulo, temos plano de revisões com preço fixo e um valor que não é surreal, temos 3 motos com peculiaridades entre elas para atrair diferentes perfis de motociclista. Das 3 até esse momento eu gostei mais da Dominar 200, mas talvez indo para a estrada com a Dominar 400 eu seja seduzido pelo que ela promete. Vi 3 motos que entregam o que prometem, os preços de aquisição são atrativos e o histórico da marca no mundo dá otimismo para acreditar que estamos diante de algo que pode ir muito longe no nosso complexo, desafiador e mais exigente mercado.
O tempo dirá que o plano da Bajaj será bem-sucedido, mas posso dizer que basta eles fazerem o básico que todo motociclista deseja: vender a moto, oferecer manutenção de qualidade e ter peça de reposição quando o motociclista precisar para não ficar com a moto parada. A Bajaj em nenhum momento afirmou por meio dos seus executivos que vai “Dominar o mercado” ou acabar com o domínio de Honda ou Yamaha.
Veja as fichas técnicas completas das motos Bajaj:
Qualquer profissional sabe que isso exige tempo e estar presente em mais lugares. A sensação que tenho é que estão focados em fazer tudo da melhor forma e assim ir conquistando seu espaço de forma sólida no Brasil.