À espera de moto elétrica Voltz há mais de um ano, cliente segue usando CG 96
Motociclista relata que comprou EVS em abril de 2021 com objetivo de economizar, mas prazo de entrega foi adiado diversas vezes e ainda não recebeu modelo. Empresa está inaugurando fábrica no Brasil
As motos elétricas estão em franca expansão no Brasil com o principal exemplo de sucesso na marca nacional Voltz Motors. Prestes a inaugurar sua própria fábrica em Manaus, a empresa já bateu recordes de vendas em 2022, em apenas 100 dias e conta com portfólio tecnológico nos modelos EVS, EV1 Sport e Miles.
Como já mostramos aqui no MOTOO, no entanto, diversos clientes têm reclamado quanto ao pós-venda da empresa, principalmente sobre o prazo de entrega. A Voltz esclareceu a situação inclusive citando que deverá resolver este gargalo até outubro.
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A fabricante também tomou iniciativa para amparar quem não recebeu as motos, como a distribuição de vouchers para uso em aplicativos Uber e 99. Em alguns casos, no entanto, compradores aguardam a entrega da moto desde 2021.
Esperando a sua EVS há mais de um ano, o mecânico Anderson Santos, de 30 anos, vive em Venâncio Aires (RS), e teve que seguir utilizando sua Honda CG 150 Titan de ano 1996 como alternativa.
“Confesso que por momentos achei que havia caído num golpe, achava que a empresa sumiria e jamais veria meu dinheiro novamente. Me sinto de certa forma muito enganado pois foram muitas vezes que a empresa mentiu para gente”, afirma Anderson.
Nossa equipe consultou novamente a Voltz para um esclarecimento sobre esta longa espera de alguns clientes, e após a publicação da reportagem, a empresa enviou o seguinte posicionamento:
"Com o lançamento da fábrica em Manaus, até o mês de outubro a Voltz deve estar operando já com pronta entrega de motos. E, todas as entregas pendentes, devem ser regularizadas no mesmo período."
Elétrica seria solução para economizar
Anderson realizou a compra de um EVS em 28 de abril de 2021. Com necessidade de rodar mais de 100 quilômetros por dia, ele viu na motocicleta elétrica uma solução de economia. “Achei uma ótima alternativa para sair dos preços dos combustíveis, logo entrei em contato, foram muito cordiais, respondiam todas as minhas perguntas, inclusive me disseram que eu receberia a moto em menos de 12 semanas e que poderia ficar tranquilo quanto a entrega”, relembra Anderson.
Depois da primeira estimativa, o prazo para entrega foi sendo adiado vez após vez. “No começo de setembro a Voltz entrou em contato comigo e disseram que a moto teria que ser faturada, que eu teria que fazer o restante do pagamento”. Após o pagamento, Anderson afirma que o prazo de entrega pulou "instantaneamente" de 23 de setembro para dezembro.
Depois de muitas reclamações e tentativas de receber a moto, a data mais recente para a entrega da EVS está programada para 08 de junho. “Eu cai na real, vi que a empresa realmente não tinha o produto para entregar”, diz Anderson.
O caso de Genilson Moreira, de 54 anos, engenheiro civil de Petrolina (PE) também se arrasta desde 2021. “A expectativa era ter um produto inovador, minimizar a dependência de combustível fóssil e caminhar na vanguarda da mobilidade urbana”, conta. Ele também adquiriu uma EVS em 2 de setembro de 2021. “O vendedor me prometeu que seria entregue em até 12 semanas”, afirma Genilson. Até o final de junho de 2022, a moto ainda não foi entregue.
A previsão atual é para 30 de julho. “Quase 11 meses depois da compra”, diz. Ele conta que entrou em contato com a empresa por diversas vezes e recebeu “promessas que não foram cumpridas”.
Dificuldades financeiras
Como muitos compradores de motos, Anderson deu um pagamento inicial e resolveu parcelar o restante no cartão de crédito. “Deixei claro para o vendedor que não poderia pagar o combustível, porque eu rodo 80 quilômetros por dia [...]. [...] então eu não teria condições de pagar o combustível mais a prestação de R$ 1 mil da moto”, afirma.
Sobre os vouchers cedidos pela Voltz, Anderson diz que na região onde ele vive não tem acesso aos serviços da 99 ou Uber. A solução foi continuar utilizando sua Honda CG 150 Titan de ano 1996. “Ele estava com o motor estragado e não ia mais arrumar, gastar dinheiro com ela, mas tive que consertar pelo uso. É um modelo antigo que me dá muita manutenção”, conta.
Investimento de R$ 100 milhões
Criada em 2019 como uma start-up brasileira, a Voltz recebeu um aporte de R$ 100 milhões em 2021, liderado pelo grupo Creditas. A unidade da Manaus em Manaus, com 12.196 m², é o principal fruto deste novo investimento. Ao todo, 500 empregos foram gerados na fábrica, que tem capacidade de produzir 15 mil unidades por mês.
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