A curiosa história da rara motoneta brasileira 'Saci'
Feita pela paulistana Grassi & Cia, pioneira na produção de ônibus no Brasil, scooter usa motor Sachs de 175 cc; saiba mais
O Saci é um personagem folclórico brasileiro cujo nome deu origem a talvez uma das motonetas mais raras do Brasil. Feita pela extinta paulistana Grassi & Cia, os fundadores italianos Luigi e Fortunato Grassi, chegaram ao Brasil para trabalhar como pintores de palacetes dos barões italianos do café, em 1899.
No entanto, os irmãos Grassi acabaram sendo reconhecidos a partir de 1904, com a oficina especializada no reparo e construção de veículos de tração animal e, mais tarde, em 1910, a então Grassi fez o seu primeiro ônibus, construído sobre um chassi francês De Dion-Bouton. A primeira motoneta viria em 1958.
Pouco conhecida, a Grassi Saci foi um dos projetos no qual os irmãos Grassi se aventuraram. A carroceria com design europeu ditava o romantismo dos anos 1950 com linhas elegantes e curvilíneas semelhantes às das italianas Lambrettas. O modelo padrão da Saci tinha motor monocilíndrico Sachs de 175 cm³ e dois tempos que, por sinal, era o mesmo que equipava os minicarros alemães KR175, os primeiros veículos construídos pela Messerschmitt.
De acordo com o dono da Saci 1959 das fotos, Marco Garcia, o interesse pelo modelo surgiu por acaso quando ao deixar sua Lambretta na oficina Osmani Souza Restaurações, avistou uma motoneta “diferente e muito estilosa”.
“Aquela motoneta no canto da oficina me chamou a atenção e perguntei ao Osmani sobre ela que disse se tratar de uma rara Saci a qual estava sendo restaurada a pedido de um cliente. A partir daí, solicitei a ele que encontrasse um modelo igual para eu comprar”, explica.
Segundo Osmani Souza, ele já restaurou seis Sacis e o maior desafio é a falta de referência, considerando que existe pouca literatura sobre o modelo, que é muito raro, e os que sobraram estão descaracterizados devido à falta de peças originais de reposição.
“Por ter ciclística dura e ruim, sem suspensão dianteira e traseira (queixo duro e rabo duro), para absorção das irregularidades do piso, havia coxins de borracha, além de pneus sob medida, mais macios de 4,50x10 da Goodyear, e que depois de um tempo, já não encontrava mais”, lamenta o restaurador.
Souza também conta que ele só conseguiu restaurar as poucas Sacis graças à ajuda de amigos que cederam parte da literatura original e propagandas da época.
“Tem um grande amigo, o Fernando Marcondes de Mattos, que me emprestou alguns materiais riquíssimos como manual do proprietário e prospectos de venda os quais me ajudaram bastante na restauração das Sacis”, relembra.
Conforme conta o dono Garcia, a paixão à primeira vista pela motoneta da Grassi é que além das linhas “Mid-century Modern”, a fabricante era 100% brasileira, ao contrário da Vespa, Izo e Lambretta de origem italiana.
“Gosto tanto dela que faço questão de participar de eventos exclusivos como os Gentlemans Ride e também a uso diariamente, inclusive para levar meu filho à aula”, comenta orgulhoso.
Ao todo, acredita que a Grassi tenha feito apenas 300 unidades da Saci, sendo que esta é uma das últimas remanescentes que roda diariamente espalhando alegria e curiosidade por onde passa.
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